Dilemas de Mulher

Tenho recebido cada vez mais mulheres no consultório com níveis de sofrimento elevados e pedidos de ajuda embebidos em frases do género: “Não era suposto ser assim”, “eu devia gostar de trocar fraldas”, “Não sou uma boa mulher, porque não gosto de cozinhar”, “Não consigo ser uma MÃE PERFEITA”, “OBVIAMENTE que ser Mãe é o que me faz sentido…”, “CLARO que quando tiver filhos vou querer abdicar da minha carreira”.

A mulher portuguesa do séc. XXI depara-se com um sofrido dilema, por um lado é espectável que tenha uma carreira profissional, estude e queira ter a sua independência económica, por outro, o preço que tem que pagar por isso, é por vezes tão alto que quase prefere adaptar estilos de vida tradicionais, mesmo que isso se traduza em infelicidade.

Refiro-me a emoções como a culpa, a ansiedade ou a tristeza por não se sentirem realizadas com as tarefas relacionadas com o lar, de muitas se sentirem pouco estimuladas pelo ferro de engomar ou seduzidas pela cozinha; e dizem que não é suposto sentirem-se assim.

Relatam também o seu isolamento social, acham que é suposto saberem gerir a situação e fantasiam que todas as outras mulheres o conseguem fazer.
Este isolamento agrava-se ao funcionar como mecanismo compensatório, como se sentem em falta, acham que se devem dedicar mais.

E é exatamente este processo que as traz ao consultório com discursos como “Eu só posso estar doida…” ou “nunca fui assim”.

O que raramente acontece é a indagação do que é ser uma mulher portuguesa saudável, na atualidade, o reconhecer dos papéis socialmente exigidos e que tipo de respostas são possíveis a cada uma de nós (sem ser, com isto, totalmente infeliz). E é exatamente nesta regulação que pode estar uma possível solução.

Há décadas atrás, as principais funções da mulher eram, cuidar dos filhos, da casa e do marido. Hoje há muitas mais opções e é talvez por isto que as mulheres desenvolvem os seus maiores bloqueios emocionais, e até físicos.
A palavra-chave para um possível sucesso neste dilema, entre papéis sociais e a procura de ser uma mulher com diferentes desejos dos de outras épocas, é o equilíbrio. Re-equilibrar o casamento, a família e o trabalho.
E que equilíbrio é este?

Por exemplo, o poder organizar dentro do tempo disponível do seu dia-a-dia. Enumerar as suas prioridades diárias, alternar tarefas que exigem maior sacrifício com aquelas que podem trazer mais satisfação. Ter tempo para namorar, cuidar de si, orar, estar com os amigos (se não pode sair, porque não convidá-los?). É provável que as suas formas de diversão tenham mudado, pondere outras opções, enfim…

Será que tem tido momentos destes?

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